E se olhassem para os pais? Uma novela só de pais, de avós, de primos e de gente normal. A vida tal e qual como ela é, um reality show sem tirar nem pôr. É complicado não é? Mesmo sem guião, a pressão das câmaras e das luzes não deixa as pessoas serem o que elas realmente são, e assim os miúdos nunca conseguiriam aprender nada. Mais valia continuar a dar-lhes pastilhas elásticas de consumo rápido para a cabeça e que lhes permita cuspir quando lhes apetecer. A mesma coisa com a música. Ou pior. Como não se pode ver, é mais difícil de orientar. Mas vamos tentar outra coisa. E se em vez de novelas, de tanto tempo perdido a criar vidas falsas e irreais, alguém se desse ao trabalho de ensinar uma boa dose de realidade? Ensinar a todos que também é bom não ter sempre exemplos perfeitos. Que errar não é necessariamente mau e que é importante para crescerem em todos os sentidos. Não estou a falar de psicologia, estou a falar de trabalhos e de pessoas. Tudo começa em pequenino, certo? E se eu larguei os Morangos da mesma maneira que acabei por largar a chucha e sobrevivi, é porque não correu assim tão mal para mim. Estou viva, estudo, não tive uma gravidez precoce nem me meti nas drogas. Claro que os meus pais também tiveram a sua dose de influência nisto tudo. Mas se não for por mim, para o que é que será?
Dou-te razão querido, a culpa é das novelas. E das pessoas. Mas se quem faz as novelas são as pessoas e as novelas acabam por fazer as pessoas, estou perante uma situação galinha-ovo que não sei resolver. Quem é que queres que comece por mudar primeiro? Afinal sempre apontei um dedo. Ou dois. Depende do número de actores e actrizes que andem a estragar os sonhos aos nossos putos.