Sobre profissões

É como fazer um jogo de meninos, escolho um envelope.
Dentro de cada envelope tenho vários cartões, todos de cores diferentes. Têm palavras, mas ainda não as consigo compreender, dizem-me para ter calma, que elas é que me compreenderão a mim.
Uma senhora pergunta-me,
Conta-me lá Marta, o que é que queres ser? Podes escolher entre jornalista, pintor, bombeiro, médico de gente, médico veterinário, médico de crianças, engenheiro, advogado...
E eu não respondo mas penso,
Quero tudo e não quero nada disso, oiço uma coisa e do outro lado, outra coisa chama-me mais alto, outra ainda mais alto e por aí fora. As profissões vão-me escolhendo, encaixando-se na minha personalidade como num puzzle, como há coisas de que gosto muito e outras das quais prefiro nem saber que existem como as plantas, as plantas e os bichos
E eu não respondo mas penso, porque já estou bem em idade disso, penso que tenho de ser boa em alguma coisa. Eu tenho de ser boa em alguma coisa. Mesmo que nenhum dos cartões me disesse no quê.