Eu acho que vou EXPLODIR.
Olho para dentro de mim, e cada vez que volto a olhar, rebento mais um bocadinho. Menos um pedaço de pele que fica, menos uma unha para cobrir de verniz. É praticamente irresistível. Quando enchemos a alma de chocolates, mesmo sabendo que podemos sempre morrer de uma alma demasiado cheia. O que é que se pode dizer a um masoquista? Ele gostará de vos ouvir repetir a mesma coisa, vezes e vezes sem conta. Que faz mal, explodir. Que rebentar dói mais do que faz bem. Que aquele vício parece uma cobra, e mais tarde ou mais cedo vai acabar por nos morder.
E eu, que já me sinto cheia de veneno? Não há cobra que me pique. E se me quiser picar, aproximo-me dela e rebento-me até a confundir, não sou pessoa, sou picadinho de carne, não sou humana, sou um hamburguer de talho.
Porque a verdade é que vou mesmo explodir e não há ninguém que me proíba. Não há nenhuma porta de betão suficientemente betonada, não há nenhuma amiga suficientemente enraivecida que me convença do contrário. Mais cedo ou mais tarde, todos acabamos por explodir. Chegou a minha vez. Vou explodir para onde me apetecer, para a cara das pessoas e para o canto dos quartos. Vão ter muito que limpar.