You are presented today in a pornographic form, a vulgar and baroque spirit which is not the PURE IDIOCY claimed by DADA

DADA subleva tudo
(...)
DADA não fala DADA não tem ideias fixas DADA não apanha moscas
O MINISTÉRIO FOI DERRUBADO. Por quem? POR DADA
O futurismo morreu. O quê?! DADA
Suicidou-se uma rapariga. Por que foi? DADA
Telefonam aos espíritos. Quem inventou? DADA
Pisam-te os calos. DADA
Se tens ideias sérias sobre a vida e de súbito sentis a cabeça a crepitar de riso, se achais ridículo e inúteis todas as vossas ideias sabei que
É DADA QUE COMEÇA A FALAR-VOS.
(...)
DADA EXISTIU SEMPRE.

DADA NUNCA TEM RAZÃO.


É maravilhoso. Arrisco-me a dizer que é delicioso. Como meter o indicador numa taça cheia de creme e lambê-lo. E depois fazer outra vez. E mais outra. Mas nunca na mesma taça, nunca no mesmo creme.
A imaginação é um lugar iluminado. Cheio de lâmpadas, fios e portas secretas, também elas iluminadas. A imaginação é igualmente deliciosa, de uma maneira praticamente perversa. Porque podemos ser tudo. E a partir do momento em que vivermos no mundo onde o tudo nos for entregue de bandeja, a imaginação deixa de fazer sentido. Não nos abandona, mas não faz sentido. Passamos a imaginar um mundo onde nada nos é permitido, imaginação anárquica, e mais perversa se torna! Se há coisa que aprendi que deve ser usada o máximo possível, é o meio termo. Que pena não saber a nada. Não é uma taça de creme, nem nada que se pareça. É antes um donut sem açúcar, uma daquelas coisas sem maldade que ninguém quer no mundo.
É maravilhoso saber que há justificação para a loucura. É maravilhoso saber que deus pode não estar sempre certo, torna-nos mais acessíveis. Com pernas e troncos mais altos, mais perto das nuvens. Se conhecesse alguém que tivesse sempre razão, seria a pessoa mais aborrecida de sempre. Estaria sempre a querer apanhá-la em flagrante, a dizer disparates e a tirar macacos do nariz. Toda a gente sabe que tirar macacos do nariz é porcaria. Então porque é que não conheço uma única pessoa que não o faça?
Imaginar o presidente a tirar macacos, deus a colá-los debaixo da mesa e outras pessoas intocáveis a limpá-los das carteiras. A depilar as sobrancelhas, a espremer borbulhas e pontos negros. Torna-nos mais uma vez, grandes. Esticáveis . Cheios de asneiras e pó por dentro, mas dotados de uma certa esticabilidade.
Se não existissem assassinos no mundo, certamente que se inventariam. Para haver o tal meio termo, para haverem os bons e os maus. Não se faz uma história sem sangue. Não se faz um movimento que nos fala tão bem e depois se sai imune.
DADA é o que vocês quiserem. Para mim, é nada. É tudo o que me der jeito que seja. E a verdade é que de vez em quando sabe muito bem, ter um brinquedo que mais ninguém tem. Não se explica. Não se vende. Não adoeçe. Não apodrece. Passa de cabeça em cabeça, até que alguém lhe decida dar uso material. Esculpir o seu DADA. Comer o seu DADA. Ele existiu sempre, e há-de sempre existir. Pode ser uma justificação para os filmes pornográficos. Pode ser um penso gigante para tapar as feridas. Pode ser causa de mortes, de guerras e da pobreza.
DADA existirá sempre.
E mais uma vez, a história repete-se. Como tantas outras vezes DADA nunca, mas NUNCA, tem razão.