"sentir é uma maçada"

Quando vemos um rapaz/rapariga que nos capta a atenção na rua, pouco mais podemos fazer do que uma troca de olhares, e isto no caso dele/dela também subitamente, reparar em nós. O que é que podemos fazer nestas alturas? Claro que a típica abordagem "não te chamas Inácio, a tua cara não me é nada estranha!?" ou a pergunta das horas quando temos um relógio escancarado no pulso são sempre duas hipóteses a ter em conta mas podem não transmitir exactamente a imagem que queriamos. Mas o que é que havemos de dizer a alguém que nunca nos viu na vida que o gostavamos de conhecer sem que pareçamos completamente estúpidos e sem amigos? A minha boa memória já me trouxe indirectamente alguns problemas porque eu nunca me esqueci de uma cara, e associada à cara há sempre um nome. Por isso, é frequente encontrar-me nas mais variadas lojas a chegar ao pé de um grupo de raparigas " desculpa, tu não és a ana isabel rodrigues feliciano que tem 23455980 anos?" e o mais assustador é que as ditas cujas fazem sempre uma cara muito surpreendida e pensam certamente quem será aquela maluca vestida às cores que sabe o nome e a idade delas. Assustador, porque as pessoas raramente se lembram de mim. Usam sempre como desculpa o facto de eu estar diferente. E nem sequer estou.
Portanto, a minha conclusão é muito simples. A menos que tenham uma amiga com lata para tudo como eu tenho, (sim I, estou a falar de ti.) até para me obrigar a fazer as coisas mais ridiculas e a usar desculpas ainda piores para as justificar, acho melhor ficarem-se por uma troca de olhares, o que já é bastante satisfatório em si. Ok, tem tanto de satisfatório como de frustrante mas vejam SEMPRE a parte positiva.
Ou então esqueçam tudo o que eu escrevi até agora e ataquem sem compaixão o vosso rapaz/rapariga. E acima de tudo, andem sempre com boa cara. Não façam como eu, que corro riscos por estar sempre a olhar para os sitios mais incriveis. Quando o dito rapaz olhou para mim hoje, tenho quase a certeza de que estava a fazer caretas ao croissant.

" Tu não existes, eu bem sei, mas sei eu ao certo se existo? Eu, que te existo em mim, terei mais vida real do que tu, do que a propria vida que te vive?"