Uma mensagem #26 once I had a dirty love, a dirty but very pure one

E é assim, no meio da sujidade e da imundice aparente, que encontrámos o nosso amor moderno. Não quero que ligues ao horóscopo, às previsões da Maya e do Paulo Cardoso. Esquecemos todas as concepções relacionadas com o destino ou com acontecimentos que alguém previu por nós e estabelecemos uma espécie de verdade universal: do nosso amor, sabemos nós. Podemos não saber de mais nada, o que nos acontecerá com mais frequência do que aquilo que cremos agora, mas daquilo que queremos um do outro, isso só a nós nos diz respeito. Quando te cuspo, quando me lambes, quando te limpo, quando me sujas, quando te despenteio, quando me arranhas, quando te digo que te vou trocar as fraldas, quando me dizes que me vais limpar de todas as lágrimas do mundo, não quero que mais ninguém pense, equacione, compare. Podemos ter mentiras, escondidelas, coisas que não gostamos de nós e outras coisas que só temos coragem de fazer no escuro do nosso quarto, mas aqui não. Não há espaço para isso, não há espaço para mais nada. Quando me dás a mão e apertamos até doer, é porque não quero correr o risco de haver ar entre nós nem qualquer tipo de substância que me impeça de te tocar como eu quiser. Nego o cliché, o que já foi feito, o que fizemos antes de nos conhecermos, o que é que mentimos, a quem é que mentimos, nego tudo. Não tem a mínima importância. Por mim podias ter sido sem abrigo. E mesmo que não sintas o mesmo, ou até mesmo por sorte, se chegares a sentir qualquer coisa próxima daquilo que tento descrever, atreve-te a espalhar o nosso truque a quem te perguntar. Não é partilhável. Na verdade nem sequer há truque nenhum, não há experiência suficiente para estabelecer um padrão. Acho que simplesmente tinha de se estar aqui dentro para saber.