Pequeno-almoço prepara-se para o dia dos namorados

Haverá algum grupo no Facebook - ou na vida real, quem sabe - de gente que se batalha anualmente para acabar com este martírio, equivalente para muitos ao horror das touradas, tão degradante para os solteiros como para os desgraçados dos touros? É que às pessoas ninguém lhes espeta nada, ou melhor, espetam-lhes milhares de facadinhas no coração sempre que têm de assistir a este espectáculo. E este dia só é oficial uma vez por ano. Gente, é tradição, e por muito que nos ponha os nervos em franja, cada vez mais tenho a certeza que nem um Portugal inteiro seria suficiente para acabar com estas coisas. E se a mim me chateia haverá de certeza quem espere um ano inteiro por isto. É o Natal dos namorados. É a publicidade e o marketing a trabalhar exaustivamente para fabricar tudo em cor-de-rosa e em vermelho, o amor que nos vendem não é necessariamente o amor que queremos comprar, e muito menos aquele que queremos oferecer. Mas agora a sério. Não tenho nada contra o dia dos namorados. Se calhar nem todos os cristãos celebram a Páscoa. Tenho tão pouco que apesar de não lhe achar piada nenhuma, sou uma refeição simpática que tenta agradar a todos e que não quer que os seus mastigantes corram o risco de perder os vossos namorados/namoradas por uma coisa aparentemente tão simples como uma má escolha de presente. É lixado não é? Uma pessoa dá-se ao trabalho de ir a uma loja qualquer e desembolsar seja lá quanto for por um presente que tente resumir todo o amor que sentimos, já por si não é tarefa fácil, e ainda por cima podemos ser despachados com um pontapé porque afinal as flores mais bonitas não são as rosas mas sim as túlipas e têm de ser em roxo senão não serve. Poupem lá este trabalho ao vosso homem por favor. A Charlotte do Sex and the City chegou a confessar que se um namorado lhe comprasse cravos acabava com ele na hora. Mas que mal têm os cravos? A verdade é que provavelmente o problema nem é dos cravos, mas do homem que lhos deu. E isto é o amor, ou a falta dele. 
Mas hoje não é um dia de divagações profundas. É um dia de promoção do consumismo romântico, mas minimamente jeitoso. Até as revistas, ou pelo menos as que eu leio, se enchem de ofertas para a pessoa de quem gostamos e a minha eleita foi a Time Out Lisboa e o seu número 176 dedicado à "Lisboa Romântica" pelo seu gosto pela diferença. Entraram na minha onda de refilar com os presentes, especialmente os maus, e sugeriram uma série de alternativas muito mais agradáveis aos balões e às almofadas "I love you", tipo passeios e cafés. E bastante mais económico, não? Até o amor sofre com a crise, e se amam mesmo, sejam condescendentes com as carteiras e deixem que vos paguem um café em vez de um ramo de 700 rosas com uma simbologia romântica do género "todas as horas que passamos juntos minha jóia".


Para os que compraram a revista, ganham o privilégio de poder guardar para sempre uma imagem online dos presentes a evitar. Para os que não a compraram, ainda vão a tempo de não cometer o erro ou de simplesmente confirmarem a minha teoria de que no amor as coisas que realmente queremos receber ainda não se pagam.