A mesma história tem sempre duas versões

Perdoem-me o entusiasmo. Mas quando a imaginação anda fraca, os que ainda se dão ao trabalho de mastigar reclamam. Quando escrevo todos os dias, os que continuam a mastigar não dizem nada. E hoje tenho uma história para contar.
Faz hoje uns poucos dias que conheci um casal de novos malucos, fisicamente aquilo estava tudo no sítio mas por dentro era uma desgraça, não havia remédio, mezinha, cházinho, termas, vidente, curadeira que tratasse daquilo. Era doideira. Era doença, mais pegada do que o cabelo à raiz. E por isso mesmo, quando os conheci gostei logo muito deles, começaram logo com uma conversa muito boa sobre o Benfica e a maldita pastilha do Jesus, estávamos 4 pessoas lá num cafézinho a ver o jogo, e a mulher que nos serviu a cerveja sempre que tinha um vislumbre da cabeleira farta do treinador gritava que o tinha visto crescer, que era um rapazinho mais virado para os carros mas que afinal até se saiu bem jeitoso na bola, e a maluquinha diz bem alto para toda a gente ver que o rapaz giro que está ao lado dela com os olhos fixos no ecrã sebento do café é o amor dela
- Ó amor pede aí à senhora um pratinho de tremoços
E ele não tira os olhos do ecrã e grita, também alto, para toda a gente saber que a miúda pequenina não é maluca e que sim, ele é o amor dela e ela até é bem verdade que é o amor dele
- Ó dona, arranje-me aí um pratinho de tremoços para a minha princesa
E já com os tremoços a nadar em água em cima da mesa e com a princesa a debicar devagarinho, trincando a casca e metendo-a com jeitinho dentro de outro pratinho, a outra rapariga que não era a maluquinha (ou pelo menos assim pensava) sentiu inveja daquela história toda do amor e da princesa, e também quis pedir qualquer coisa para exibir o moço lindo que tinha ao lado e do qual se orgulhava muito, aquele sim era um homem, alto e robusto, e disse-lhe baixinho, olhando o prato de amendoim vazio mas tão cheio de cascas
- Zézinho queres mais amendoim?
- Quero linda, OH FÁBIO VÁ LÁ CARAL...
- ZÉZINHO!
A maluquinha gritou, não lidava bem com asneiras, e o amor dela exaltou-se por saber disto, deu um safanão com os olhos ao zézinho e continuou a ver o jogo. Entretanto os tremoços já estavam no fim que a maluquinha com os nervos deu cabo de um pratinho em menos de nada e quando ia beijar o seu amor mesmo quando o Roberto ia defender, ela já devia saber que este homem é um perigo e o seu amor entra em histeria quando a bola lhe chega perto,
- SAI DAQUI, DEIXA-ME VER
ele afasta-a bruscamente e a maluquinha encolhe os ombros, sabe que o amor é assim, bruto e um bocadinho rude mas ela gosta é disto, ela gosta é de homens a sério, que não digam asneiras
- MEEEEEEEEEEERDDDDDDDDD...
- Oh amor, não comas a casca do tremoço, queres mais um pratinho eu peço...
E o amor é isto meu queridos, não tem defeitos quando é o nosso, e ao contrário do Benfica nunca perde mas ganha muito, e a outra rapariga a olhar para isto, a fazer festas na perna do seu moço lindo toda inchada de orgulho, que graças a deus a casca do amendoim não se come e ela assim não tem de lhe fazer reparações.
P.A

As raparigas são estranhas. Descobri hoje que quando gostam de alguém fazem coisas tão parvas mas tão parvas que perdem 10 anos de idade. Imaginam amendoins e tremoços, sem casca. Têm medo, vontade, vergonha, "jesus", "merda", choram (também a rir), adoram homens e cerveja.
Discutem futebol, O BENFICA, nacionalidades, olhos vietnamitas, fazem juras, de amor e de Nunca Mais.
As miúdas ficam confusas, são confusas e isto pode tornar-se preocupante. São agressivas e ameaçam a morte. Incentivam-se a espalhar a sua estupidez pelo Mundo, os devaneios, os delírios de criança apaixonada. Bom, crianças não serão, falam de nus.
As raparigas são mesmo muitas estranhas. "Eu gosto, mas não gosto de gostar.", disse ela.
Pensam muito, demasiado e esse é sempre o problema principal.
Não gostam de estudar mas não querem as férias. Chove e está frio mas mal podem esperar pelas 8.30h e um dia de aulas.
Há dias melhores que outros. Os melhores até podem ser os mais calmos, quando só se olha, não se fala. E olhar nunca foi tão bom...
Isto não é amor, por favor, elas não consideram. Nem querem.
São só estranhas. Deixem-nas ser.

P.G


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