Quem sou eu?

Um bocado desnorteada mas cá me arranjo. Tenho um problema. Devia ter 4 olhos e 4 inteligências, jeito para alguma coisa que não fosse coisa nenhuma, vontade de ser mais qualquer coisa do que aquilo que sou mas como disse, cá me arranjo. Descosem-se umas virtudes ali e fazemos um ou dois remendos por cima. O ouro que uso não é defeito, é feitio. E se o misturo com prata, com roupa, com cabelo e alguma pele é porque quero, porque me esqueço que não é de bom gosto misturar ganga com ganga mas eu faço-o à mesma, que não é de gente normal usar meias brancas por fora das calças, repito, não é de gente normal, mas quem o faz que o faça por gosto e não porque sabe bem ter olhos postos em nós. Andas na faculdade tu? Não tens pinta do curso que me dizes que tiras, e eu respondo qualquer coisa como, se você me diz isso imagino as pessoas de lá, o que é que têm as pessoas de lá, não devem ser assim como tu as descreves, pois não mas é que estes olhos que me deram têm tendência para piorar tudo, triplicar os problemas e chorar muito por eles, não tem aí outros que me arranje? Azuis ou de uma cor fora do normal, para normal já basta o facto de eu ter pés e mãos como toda a gente, cabelo curto para não apanhar aqueles tiques de puxar o cabelo comprido para trás e enrolá-lo e desenrolá-lo, fazer-lhe jeitos com a mão ou outra série de coisas que vejo que se faz a um cabelo comprido. Porque é que não o cortas como um menino, tu com esse jeito mais pareces um rapaz, juntas o útil ao agradável e transformas-te de vez. O problema meus caros, é que eu adoro ser mulher. Que novidade, que coisa boa de se dizer, era o que mais cá faltava, outra mulher que adora sê-lo! Não era o que cá faltava, mas o que há pouco é pessoas que gostam do que são e nisso, a culpa é minha, gosto disso porque não tenho outro remédio, gosto disso porque apesar de tudo me divirto assim, sou o meu recreio e o meu baloiço, porque é que vocês não vêm brincar comigo?