Pequeno-almoço fala com ele.

Hm. Uma carta para ele mesmo.
À semelhança das pessoas, também ele tem feito uma revisão. Uma análise da sua vida, que afinal de contas não é assim tão breve quanto isso. Terá o quê, 2 ou 3 anos? Não se lembra. Está carregado de recordações, de bons e maus posts, de muito (poucos) comentários e passagens de gentes de todo o mundo, ou pelo menos assim espera. Pelo menos um espanholito, mas definitivamente uma carrada de tugas.
No entanto. Consequência desta análise tão pouco profunda, mesmo assim deu-lhe para chegar a uma série de conclusões. E o Pequeno-almoço tem alguns pedidos a fazer.
Acho que ele quer pedir desculpa. Pelos posts especialmente, é com muita pena dele que tem verificado que a sua qualidade tem vindo a diminuir. E não foi fácil para ele admitir isto, é verdade, é um raio de um Pequeno-almoço orgulhoso e gostava que estivesse sempre tudo impecável, sem erros e com uns 4 comentários no mínino, que lhe dissessem o quão bom ele era, o quanto se identificavam com ele. Agora suspira, um bocadinho. Não está sozinho no mundo dos blogs nem nada do género, mas tem pura e simplesmente de aceitar que não pode nem nunca será o melhor em tudo! Já é bom que tenha conseguido mudar o seu visual sem o tornar muito cansativo. Desculpem, ele não gosta muito de cores. Já tentou o cor-de-rosa, o azul bem claro, uma espécie de amarelo torrado mas rapidamente se cansou, não era para ele. Não o julgo. Um blog pode ser sóbrio e dizer piadas, ninguém o leva a mal, mas também ninguém o leva a sério.
Pronto. Desculpem-no. Acreditem que lhe custou, e que certamente se esforçará por trazer maior qualidade ao que passa para a internet. Quem lhe dera, ser um iluminado do caraças. Ter as melhores ideias de sempre, sem patente. Mas às vezes, como as pessoas, não é capaz.
Outra coisa. Ele está-me sempre a dizer que desde feita a sua análise pessoal, tem tido necessidade de se justificar. Porque é que continua a postar, apesar da fraca qualidade ou de ter cada vez menos para dizer. Detesta que assim seja, mas receia que os temas que interessem se começem a esgotar. Não que esteja a secar como um deserto, nada disso. Tem muitas ideias. Às vezes as pessoas não se interessam por elas, e ele sente-se estúpido. E isso é uma coisa que nenhum blog gosta de sentir, a sua estupidez a ser julgada por tantos outros blogs e por tantas outras autoras "a sério". Porque esta que ele tem, palavras do blog, não vale um cu.
Assim sendo, continua a postar porque sim. Porque gosta de falar, porque acredita que mesmo não tendo nada de especial para dizer aos outros, ao menos fala consigo próprio. Não é isso que toda a gente faz na maior parte do tempo, falar consigo próprio? É das únicas coisas que mantém as pessoas sãs. E assim funciona com os blogs. Quando não tiverem nada de útil para dizer aos outros blogs, falem consigo mesmos. Dêem-se nóvidades, algo que eles próprios não saibam e que tenham descoberto recentemente. Eventualmente alguém comentará, "eu também me sinto assim". E o blog encher-se-á de orgulho e pensará que ainda não está na altura de se atirar ao cemitério da internet.
O Pequeno-almoço não se despede. Aliás, a sua autora duvida mesmo se alguma vez este dia chegará. O dia em que vai dizer, "este é o último post". Não é que tenha muito para oferecer, isto não é uma carta de auto-ajuda. Muito menos de esperança. É simplesmente, à semelhança de tudo o que tem feito até agora, mais uma carta.
O Pequeno-almoço agradece. Obrigada. E diz, do fundo do seu coração, até ao próximo post que não diga nada de especial a mais ninguém se não a ele próprio. É o melhor que sabe fazer.