Até à bem pouco tempo teria tido vontade de escrever uma carta zangada.
Apesar da chuva e de tudo o mais, hoje não é o dia.
Hoje conversei com um amigo assim,
- porque é que estás a olhar para mim?
- olha para ti.
- o que é que tenho?
- és sempre diferente todos os dias, como é que queres que não olhe para ti.
e mesmo que ele estivesse a falar das minhas meias brancas até ao joelho, mesmo que ele estivesse a falar das mangas da minha camisa, do lápis nos meus olhos, do meu vestido cor-de-vinho, foi um elogio. Posso ser chuva, mas ao menos sou uma gota diferente todos os dias.
E logo hoje cheguei a esta conclusão, que não mereco uma carta zangada nem a carta zangada me merece a mim. Vocês não merecem. Pelo menos por hoje. Não depois da história da gota.